Letícia
2 min readApr 23, 2017

Relacionamentos abusivos entre pais e filhos existe, sim.

Foi muito difícil pra mim aceitar que meus pais não me fazem bem.

Sempre acreditei​ que filhos são criados para amarem seus pais, pois são do mesmo sangue, são parte do corpo deles.

Mas nem todos nascem para terem filhos.

Acho natural que acabemos endeusando nossas mães, como se elas estivessem em pedestais, sempre nos guiando para o bom e para o melhor. Mas é preciso ter cuidado: até quando ela realmente quer o seu bem?

Relacionamentos tóxicos vão além de brigas entre pais e adolescentes rebeldes. Agressões vão além de contato físico e violência psicológica também pode te matar (aos poucos, como uma doença física).

Vivi um inferno que só eu sei, após anos e anos de restabelecer um contato saudável. Errei algumas vezes também, mas nunca havia me faltado esperança.

A verdade é que não se salva pessoas doentes se elas gostam de permanecer doentes.

Hoje sei que uma família estruturada não necessita de figura paterna, dois filhos e um cachorro. Sei que os laços entre mãe e filho não devem ser de autoridade e sim de companheirismo, sem ferir a dignidade de ninguém. Se é para ser positiva, vejo que o modelo de família patriarcal que cresci só me fez entender um exemplo QUE NÃO quero seguir.

Agradeço muito pela oportunidade de tentar romper com esse ciclo de agressividade e abuso, como me foi ensinado e infelizmente sinto enraizado em mim. Quero poder dizer todos os dias ao meu (futuro) filho as três qualidades que eu descobri em mim somente depois de ter saído do fundo do poço: “você é forte, inteligente e bonito”- ensinar a ele a sempre manter a autoestima, pois é na falta dela que acabamos permitindo que outras pessoas se aproveitem de nós. Poder carrega-lo no braço sem sentir como se fosse um fardo, mas sim como um companheiro que veio participar de minha vida.

Infelizmente, as pessoas erram.

Eu aceito isso, bola pra frente.